O dia seguinte amanhece estranho.
Leo dorme profundamente ao meu lado, exausto, como se tivesse carregado o peso do mundo nos ombros. E, de certa forma, foi isso mesmo que ele fez.
Olho para ele, para seus traços relaxados no sono, para a vulnerabilidade que raramente deixa transparecer, e meu coração se enche de amor e tristeza ao mesmo tempo.
Ele cortou os laços com a própria família por mim.
Ainda me pergunto se mereço tanto.
Me levanto com cuidado, tentando não acordá-lo, e vou até a cozinha preparar café. Preciso fazer algo com as mãos, ocupar a mente. Qualquer coisa para não pensar demais.
Mas é inútil.
A campainha toca no meio da manhã, interrompendo meus pensamentos. Franzo a testa. Não estou esperando ninguém.
Abro a porta devagar.
E dou de cara com ela.
A mãe do Leo.
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Ela está impecável como sempre. Vestido sóbrio, maquiagem perfeita, cabelo arrumado. Mas seus olhos... os olhos dela carregam algo que não vi antes: culpa.
— Bom dia, Lucy — ela diz, a voz baixa, hesitante.