Olivia
Pedi a Noah que deixasse as sacolas no carro, o peso das compras — vestidos caros, sapatos que eu nunca sonharia comprar, um celular que parecia de outro mundo — insignificante diante da inquietação que apertava meu peito. Não estava fazendo nada de errado, mas cada passo em direção à casa de Christine me fazia sentir como se estivesse cruzando uma linha proibida, traindo o único lar que conheci, mesmo que ele nunca tenha sido meu de verdade. Subi as escadas de serviço do hotel, os sapatos de salto baixo, que Noah insistira para que eu usasse, clicando desconfortavelmente contra o concreto áspero, cada som ecoando como um lembrete da minha transformação. O vestido azul abraçava meu corpo, o tecido macio contrastando com o casaco caramelo que aquecia meus ombros contra o frio cortante de Chicago. Mas, mesmo com a nova aparência, eu me sentia vulnerável, como se o uniforme de camareira ainda fosse minha armadura. O corredor estreito cheirava a desinfetante, um que eu conhecia mel