Sento-me na cadeira de couro macio, o estofado acolhendo meu corpo com um conforto que contrasta com o peso no meu peito. Cairo está atrás da mesa de mogno, ajeitando a gravata listrada com dedos calejados, os olhos negros me observando com uma preocupação que me faz lembrar do meu pai — seu jeito de inclinar a cabeça quando me contava histórias sobre os primeiros dias do hotel, quando ele e minha mãe o transformaram no coração pulsante da cidade. Meu coração está apertado, esmagado pela perda dos papéis do testamento, roubados no assalto que quase me custou mais do que posso suportar. Meu braço enfaixado lateja, um lembrete constante do que Christine e seus aliados são capazes de fazer.
Perdi tudo, ou pelo menos é assim que parece. O testamento, a única prova de que o Hotel Brown é meu por direito, foi levado, e com ele, a esperança de recuperar o legado do meu pai. Sento-me ereta, tentando respirar fundo, mas o ar parece pesado, carregado com o perfume sutil de cera de chão que os f