Olívia
Desci ao térreo do hotel, o burburinho dos hóspedes misturando-se ao tilintar de copos e talheres na recepção. A cozinha era um caos vibrante: o vapor dos fogões subia em nuvens, o cheiro de alho, manjericão e pão fresco pairando no ar, e o som de panelas sendo empilhadas ecoava como uma sinfonia. Encontrei Cairo no canto, verificando uma lista de suprimentos, seu avental branco manchado de molho de tomate, os óculos tortos no nariz. Ele ergueu o olhar e viu o band-aid na minha testa, o sangue seco ainda visível sob a luz fluorescente.
— Isso é sangue? — Sua voz era grave, cheia de uma raiva contida. Ele largou a prancheta e correu até mim, os olhos escuros examinando meu rosto. — O que aquela mulher fez com você, Olivia?
Sem pensar, joguei-me em seus braços, deixando que ele me envolvesse como fazia quando eu era criança, chorando pela perda da minha mãe. — Nunca mais. — Murmurei, a voz embargada contra seu ombro. — Ela nunca mais vai me tocar.
— O que aconteceu, menina? — Cai