Algumas semanas depois
Olívia
Meu encontro com Noah Carter não saía da minha cabeça. Não o vi mais desde do baile de natal. Apesar de não ter tido nem ao menos um beijo dele, tenho para mim que a noite passada foi especial para ele, assim como foi para mim.
— Olívia, venha! — Maya me chama. Como trabalhamos na véspera do Natal, eu, Cairo e Maya organizamos uma pequena ceia para nós e os outros funcionários, na cozinha do hotel mesmo na noite do dia 25.
— Estou indo. — Falei, tirando o avental.
A ceia foi deliciosa, mas como não seria? O chefe sempre faz as melhores refeições. Cairo me entregou um pequeno embrulho no final do jantar.
— O que é isso? — Perguntei, olhando para ele. Ele sorriu.
— Abra. — E quando abri, vi um papel dobrado.
— Uma carta. — Cairo riu. Abri o papel e era um bilhete com as letras do meu pai.
"Cuide de Olivia, não abandone, garanta o futuro dela. Mas não sei como protegê-la até que ela saiba lutar sozinha. Preciso que ajude, seja forte. Christine não é a mulher que pensei que é. Cuide do meu tesouro, Cairo."
— Meu pai... — Senti vontade de chorar.
— Não acredito que o testamento esteja certo, Olívia. Seu pai garantiu que deixou seu futuro seguro. Agora que você é maior de idade, precisa de bons advogados. Com certeza o testamento foi alterado. — E senti um alívio que não sentia há muito tempo. Meu pai não havia me esquecido.
— Obrigada, Cairo. — Ele sorriu e se afastou, me deixando com o bilhete na mão. Maya chegou logo depois, com outro embrulho na mão.
— Não vai fazer isso. Prometemos que não trocaríamos presentes. — Falei para ela, que sorria.
— Já fez seu pedido para o papai noel? — Eu ri. Há muito tempo que não acredito no bom velhinho.
— Ainda não, não sei o que pedir. E você? — Ela riu e me entregou o embrulho. Revirei os olhos, abri e vi a máscara que havia usado.
— Guardou isso? — Perguntei, confusa. A verdade é que Maya devia se livrar de todas as provas de que eu estive no baile.
— Não tem mais problema. Ninguém irá lembrar mais da moça de vermelho que chamou a atenção de Noah Carter. — Talvez ela tenha razão. Eu realmente quero ter algo para lembrar daquela noite.
— Muito obrigada. — Ela bateu no meu ombro de leve.
— Sabe, senhorita Olívia, no Natal passado eu pedi para o papai noel que me desse um emprego com pessoas maravilhosas, e eu estou aqui. — Ela sorriu. — Que tal fazer o seu pedido? Talvez, só talvez, ele se realize.
Maya se afastou e eu fiquei ali. Então decidi subir para o terraço. Se ela tem razão, melhor pedir em um lugar que seja mais próximo do bom velhinho.
E ali, no terraço, onde o beijo com Noah Carter não aconteceu, eu pedi com todo o meu coração que, se o papai noel existisse, ele interferisse em meu destino e me desse Noah Carter de presente.
“ Eu não sabia, mas que maldito desejo”