Mundo de ficçãoIniciar sessãoJuliana apertou a campainha e, em menos de um minuto, a porta se abriu.
Lá estava ele.
O médico mais bonito da cidade.
De camisa branca e calça branca — como se aquela cor tivesse sido inventada para ele. O tecido da camisa marcava sutilmente os ombros, os braços fortes, o peitoral definido. Tudo naquele homem exalava controle, precisão, ordem. E, por mais contraditório que fosse, era exatamente isso que a fazia perder o controle.
“Meu Deus”, ela pensou. “Esse homem não precisa nem piscar para me deixar pronta.”
Na mão direita, ele segurava uma taça de vinho tinto. O contraste do líquido escuro com a camisa impecável tinha um efeito cinematográfico. Tudo naquele cara parecia esculpido para provocar reações — embora ela soubesse que provavelmente ele nem fazia por mal. Isso tornava tudo ainda mais arriscado. O tipo mais apaixonante era o cara sexy sem esforço.
— Boa noite — ela disse, tentando não parecer ansiosa.
Ele se limitou a fazer um gesto com a cabeça, abrindo mais a porta para que ela entrasse.
A visitante passou por ele e aproveitou para sentir discretamente seu cheiro: uma mistura de sabonete caro, vinho e um aroma masculino, seco e quente.
— Você serviu algo para mim também? — perguntou, indicando o vinho.
Daniel fechou a porta atrás de si e se virou com calma. A expressão dele era séria, contida, quase clínica. E, estranhamente, isso a deixou ainda mais molhada.
— O exame é de rotina — respondeu, a voz aveludada, mas firme — Não precisa ficar nervosa. Pode tomar uma taça se quiser relaxar... Mas, sinceramente, o procedimento é indolor.
Juliana sentiu o coração quase pular pela boca. Era só um jogo, ela sabia disso. Mas havia algo no tom dele que a fazia acreditar em cada palavra. O profissionalismo na fala contrastava com o que estava por vir. E esse contraste... Bom, minava qualquer resistência.
Ele queria levar aquilo a sério. Não era só uma transa de improviso. Era uma fantasia levada ao pé da letra. Uma encenação cuidadosamente construída — e isso, para Juliana, era quase melhor do que um beijo.
— Estou pronta — ela finalmente disse, endireitando a coluna e dispensando o vinho com um gesto.
Os olhos de Daniel brilharam por um instante. Uma faísca de aprovação. Como se ela tivesse passado no primeiro teste.
— Por aqui, então — ele disse, conduzindo-a pelo apartamento silencioso e impecavelmente arrumado.
E foi então que ela percebeu: ele tinha um consultório de verdade em casa.
Juliana não sabia se ria, gritava ou se jogava de joelhos ali mesmo para agradecer.
Entraram em uma sala ampla, organizada, iluminada por luz suave. Havia uma estante com livros médicos, instrumentos sobre a bancada limpa, uma mesa de exame de verdade na parede do fundo, sob uma janela mais alta. Ele não estava brincando. Ele estava mesmo disposto a fazer tudo direito. E, com isso, ateava fogo a cada centímetro do corpo dela.
Ao passar pela mesa, ela se virou para ele, os olhos implorando por instruções. Ele parecia ainda mais alto naquele ambiente estéril e perfeitamente controlado.
— Antes de mais nada — disse ele, sério — a palavra de segurança é abacaxi. Se você disser abacaxi, eu paro o que estiver fazendo. Imediatamente.
Ela piscou, surpresa. Não pelo aviso, mas pela forma como ele o deu. Tão responsável. Tão atento. Tão... Excitante. Palavra de segurança? Definitivamente as coisas iam ficar muito, muito quentes.
— Tudo bem — respondeu, com a voz levemente rouca — E o que eu devo fazer agora?
Ele deu um passo adiante. Um único passo que bastou para que ela ardesse de desejo. Os olhos claros se fixaram nos dela, como se examinassem cada detalhe com atenção.
— Tire a roupa — disse, com a naturalidade de quem está acostumado a comandar — E deite-se na mesa de exame.
Ela teve que se beliscar discretamente no braço.
Não, não estava sonhando.
As mãos tremiam quando puxou o zíper do vestido. Talvez fosse excitação. Ou o peso da expectativa. Quem sabe uma pontada de medo. Mas, de qualquer forma, ela obedeceu.
E, enquanto subia na mesa de exame, nua e arrepiada, sentiu que algo intenso estava prestes a acontecer ali. Algo que, definitivamente, não se resolveria com um simples atestado.
Sentou-se sem se dar ao trabalho de cobrir os seios. Queria que ele visse seu corpo. Queria provocar nele o mesmo desejo que ela sentia.
O médico se aproximou devagar. Ao contrário do que Juliana imaginava, seus olhos não percorriam suas curvas como os de um tarado ou algo assim. Em vez disso, permaneciam focados nos dela.
Aquilo era tão diferente que, pela primeira vez, ela não se sentia no comando de um homem entre quatro paredes. O cara diante dela reivindicava esse posto para si, e a facilidade com que ela queria se render era surpreendente. Sempre imaginou que ceder o controle durante o sexo teria um efeito libertador. Bem, podia parar de imaginar agora, pois descobriria em breve.
Com movimentos precisos que revelavam anos de prática, ele inclinou levemente a parte superior da cama, dando apoio para as costas dela. Seus gestos eram fluidos, quase coreografados, um balé de eficiência clínica que agora ganhava novos significados.
— Vou ajustar os suportes —, explicou, deslizando para fora os estribos com um toque suave.
“Suportes?” Ela tentava processar a palavra, certa de que já ouvira em algum consultório de verdade. E... Bem, ela estava em um consultório de verdade.
— Você pode apoiar os pés aqui quando estiver pronta.
Seus olhos encontraram os dela enquanto oferecia a mão como apoio — um gesto profissional que agora carregava duplo sentido. A mesa permitia ajustes personalizados de altura e inclinação, e Daniel manipulou os controles com a familiaridade de quem conhecia cada botão de cor, nunca desviando completamente a atenção do rosto da paciente.
— Pronta? — ela repetiu, confusa — Acho que sim.
— Então abra as pernas.
Ela arregalou os olhos, em choque. Subitamente, percebeu que estava em uma mesa ginecológica.
E ele sorriu, pela primeira vez naquela noite, quando ela obedeceu.







