Voltamos para casa como quem volta de outro planeta. Era assim que eu me sentia: um pouco flutuando, um pouco em choque, um pouco com medo de que tudo aquilo evaporasse se eu piscasse forte demais. O pedido. A casa. O anel. O futuro inteiro estacionado dentro do peito como um animal novo, estranho, vibrante. Cori dormiu no carro enquanto voltávamos, como se o dia tivesse sido grande até para ela. Crianças sentem quando algo muda no mundo, mesmo que não saibam explicar o quê. Eu demorei mais.
Fui trocando de roupa devagar, como se meu corpo estivesse em câmera lenta, tentando acompanhar a cabeça. O quarto estava escuro, apenas uma luz baixa deixava tudo meio dourado, meio silencioso. O anel ainda brilhava no meu dedo, discreto, mas impossível de esquecer. Toquei nele algumas vezes, só para confirmar que não era invenção da minha imaginação cansada.
Matt apareceu atrás de mim sem fazer barulho.
— Vem… senta — ele disse, me guiando até a cama.
Sentei, e ele automaticamente se a