Passei a madrugada inteira acordada, mexendo nos lençóis como se eles tivessem a resposta escondida em alguma dobra. Cada vez que fechava os olhos, via o olhar da Helena me atravessando, aquele ar firme de quem enxerga mais do que realmente demonstra. E, pior, eu sabia que ela tinha razão. Não dava mais pra fingir. O tempo não ia parar por minha causa, a barriga não ia voltar pra dentro num golpe de teimosia. Era eu, meu corpo e a coragem que eu ainda não tinha encontrado, mas que ia ter que inventar de algum jeito.
O medo de Jenna pairava na minha mente como um vulto insistente. A última coisa que eu queria era ser usada como justificativa pra uma guerra que nunca foi minha. Ela parece ter um talento especial pra distorcer tudo ao redor, como se estivesse num palco enorme onde só ela importa, enquanto todo mundo vira figurante descartável. E agora tinha um bebê envolvido… o tipo de coisa que transforma qualquer silêncio em bomba-relógio.
Fiquei ali, olhando pro teto, ouvindo me