Helena ficou ali na porta por alguns segundos depois que Jesse saiu, como se estivesse medindo o ar da sala, tentando entender em qual temperatura emocional eu tinha ficado. Eu ainda segurava a xícara que Jesse tinha usado, meio sem saber onde colocar — um detalhe bobo, mas parecia que qualquer movimento meu ia fazer a realidade balançar.
— Precisa de alguma coisa, Tori? — Helena perguntou, com aquela voz calma que parecia sempre estar um passo à frente do caos.
Balancei a cabeça.
— Tô bem. Se quiser descansar enquanto a Cori dorme… agora seria um bom momento.
Ela arqueou uma sobrancelha, suave, mas com aquele tom de “te enxergo inteira mesmo quando você tenta se esconder”.
— Você também deveria descansar — ela disse.
— Eu tô bem — repeti, e até ouvi o cansaço tremendo no meu próprio tom. Era automático. Era defensivo. Era mentira.
Helena me observou por alguns segundos, como se estivesse vendo o que eu não queria mostrar. Depois, com a mesma delicadeza de sempre, falou:
— Se quiser