Os dias começaram a se misturar. O relógio já não fazia muito sentido, e o expediente parecia se repetir em loop. Mesmo quando eu tentava focar nas tarefas, meu pensamento escapava para Matt — e para tudo que estava acontecendo por trás da fachada calma da cafeteria.
Desde a invasão, ele vinha investigando discretamente. Dizia que havia ligações entre a denúncia que recebeu e o ataque ao local, e, embora ainda não tivesse provas, o modo como falava me fazia acreditar que realmente havia algo sério ali. Eu o encontrava quase todos os dias, depois do expediente. Às vezes no carro, às vezes em alguma rua mais vazia, longe dos olhos curiosos. Ele sempre me trazia notícias novas, pequenas peças do quebra-cabeça que ainda não faziam sentido, mas que pareciam se encaixar num padrão que só ele enxergava.
E, quanto mais ele investigava, mais eu passava a observar Cecile.
Ela andava diferente. Nervosa. Pulava com o toque do sino da porta, errava pedidos simples, esquecia coisas básicas