O som da risada de Cori ecoava pela cozinha quando abri os olhos. O relógio marcava quase nove da manhã. O cheiro de manteiga e açúcar já tomava o ar, e por um instante, eu me perguntei como Jesse tinha conseguido chegar sem que eu percebesse. Meu corpo ainda pedia mais sono, mas minha cabeça estava desperta demais pra isso — e o motivo tinha nome. Matt.
Me levantei devagar, tentando ignorar o peso que veio junto com aquele pensamento. Lavei o rosto com água fria, o espelho embaçado me devolvendo um reflexo que eu mal reconhecia: um olhar cansado, mas inquieto. Passei os dedos pelos cabelos e suspirei. O bilhete ainda estava na minha bolsa, dobrado e guardado como se fosse uma ameaça.
Sete da noite. Mesmo lugar.
Eu não sabia se devia ir. Parte de mim gritava que não. Que qualquer passo em direção a ele era um retrocesso. Que eu estava abrindo a porta pra um passado que devia continuar trancado, enterrado. Mas havia outra parte — menor, porém mais barulhenta — que queria vê-lo.