A taça entre os dedos de Matt parecia ter o mesmo brilho que o olhar dele. O reflexo dourado do líquido acompanhava cada movimento que ele fazia, como se o universo inteiro prestasse atenção no modo como ele me olhava.
Ficamos um tempo em silêncio, e eu quase consegui ouvir o som do vento batendo nas árvores do lado de fora do hotel, como se a natureza tivesse parado pra nos observar também.
— Você lembra desse lugar? — ele perguntou, com aquela voz rouca, arrastada, quase um sussurro.
Meu coração pulou no peito, e por um segundo, eu desejei não lembrar. Mas claro que lembrava. O hotel escondido entre a vegetação densa, o cheiro úmido da terra misturado ao perfume das flores silvestres. Lembrava das risadas, do barulho da água escorrendo pela pedra da cachoeira e dele — sempre ele — tentando me convencer a relaxar.
— Lembro, sim. — minha voz saiu baixa, quase trêmula. — É impossível esquecer.
Ele me observou como se estivesse tentando decifrar o que ainda havia de verdade