Não consegui dormir.
A cada vez que fechava os olhos, revivia o beijo dentro do carro. A sensação dos lábios dele, o calor das mãos, a forma como meu corpo se entregou sem pedir permissão. Era um looping interminável que me deixava mais desperta do que nunca.
Levantei, andei pelo quarto, abri a janela para respirar o ar quente da noite italiana. Lá fora, os vinhedos se estendiam em linhas infinitas sob a lua cheia. A beleza do cenário só acentuava a inquietação que latejava em mim.
Quando fechei a janela e me virei, três batidas discretas na porta me congelaram.
Meu coração disparou. Eu sabia quem era. Não precisava abrir para saber.
— Lucile… — a voz dele veio baixa, grave, com aquele tom que sempre me fazia perder o ar.
Apertei os olhos fechados, respirei fundo, mas minhas pernas já estavam me levando até a porta. Abri.
Russ estava ali. Apoiado no batente, mãos nos bolsos da sua calça de moletom, os cabelos úmidos do banho, camiseta regata branca. Um pecado em carne