Já passava da meia-noite quando Russ decidiu que era hora de irmos para casa. Ele me puxou pela mão, com a maior naturalidade do mundo, e me levou para o carro.
O silêncio dentro do carro era quase ensurdecedor. A escuridão da estrada só era quebrada pelos faróis recortando as vinhas que se espalhavam dos dois lados, intermináveis, como se não houvesse mundo além daquele caminho. Eu mantinha os olhos fixos na janela, como se o reflexo do vidro pudesse me salvar da presença sufocante dele.
Russ, ao volante, parecia completamente à vontade, como se o peso da noite tivesse sido nada além de mais um jogo em sua coleção de conquistas.
— Fiz um contato importante hoje — disse, finalmente, sua voz grave rompendo a quietude. — Pode render um bom investimento. Foi bom termos ido.
A forma como ele falava, como se eu fizesse parte de alguma decisão, me deixava confusa. Ele estava apenas preenchendo o vazio? Ou estava… dividindo algo comigo?
Mordi o lábio, incapaz de responder. O de