Jamile narrando
Acordei assustada, com o coração disparado e a respiração descompassada. Tudo branco ao meu redor. O teto, as paredes… o som contínuo do bip da máquina. A luz fria me cegando por um segundo.
— Onde eu tô? — pensei, tentando sentar, mas meu braço tava preso a uma agulha, o soro pingando lento, e meu corpo inteiro doía.
Foi aí que a memória veio como um soco: a dor, o sangue, a estrada, o hospital.
— Meu filho! — gritei desesperada. — Cadê meu filho?!
A porta se abriu num estalo e um médico entrou apressado, seguido de uma enfermeira de jaleco azul.
— Calma, calma, senhora Jamile… a senhora precisa ficar calma, por favor — ela veio na minha direção, tentando me conter.
— Não me manda ter calma! — berrei, com lágrimas escorrendo. — O meu bebê… o meu filho… eu perdi?!
— Jamile, escuta, por favor — o médico falou com uma voz firme, mas gentil. — Você teve um sangramento muito sério. Estamos fazendo todos os esforços possíveis. Mas agora você precisa descansar.
— Eu não quer