O silêncio que se seguiu depois que Joaquim adormeceu de vez foi como um cobertor quente em noite fria. Rafael se levantou devagar, pegou o pequeno no colo com todo o cuidado do mundo, e o levou de volta ao quarto. Quando voltou, Valentina ainda estava sentada no chão da cozinha, com a cabeça encostada no armário e o pano de prato amassado no colo. Os olhos dela estavam meio fechados, mas o sorriso era inteiro.
— Tá vivo? — ela sussurrou, preguiçosa.
— Sobreviveu. Apagou no berço em três segundos. — Ele se agachou ao lado dela, os joelhos estalando. — Ou a gente tá ficando velho, ou ele tá ficando leve. E eu tô com medo de ser as duas coisas.
Ela riu, uma risada baixa, quase íntima. Uma daquelas que não precisava ser alta pra ser profunda.
— A gente tá ficando vivido. E mais burro, provavelmente.
— Mas mais bonito.
— Isso é o sono falando.
— Ou o vinho imaginário que a gente devia ter tomado.
Ficaram em silêncio mais um pouco. Não um silêncio desconfortável, mas um desses que só exist