O despertador tocou com um bipe insistente, mas foi o som da respiração de Joaquim que arrancou Valentina do torpor do sono.
Ele estava de pé no berço, os cabelos espetados como se tivesse lutado com os travesseiros a noite toda, os olhinhos brilhando de vida. Agarrado na grade, cantava uma música inventada, feita de sílabas sem sentido e gestos exagerados que enchiam o quarto de uma energia caótica e deliciosa. A luz do sol se infiltrava tímida pelas frestas da cortina, pintando o cômodo com um dourado suave, como se o dia ainda tivesse vergonha de começar.
Valentina sentia o corpo inteiro latejar. Os músculos imploravam por mais uma hora de descanso. A madrugada havia sido intensa — em todos os sentidos. Sorrisos sussurrados, promessas silenciosas, a conexão crua entre duas pessoas tentando se reencontrar no meio da bagunça da vida real. Mas o cansaço era teimoso. Não respeitava amor nem poesia.
Com esforço, ela se sentou na cama. Sentiu o ar frio tocar a pele e o cheiro do travesse