O domingo amanheceu calmo. A luz do sol invadia o apartamento com doçura, pintando de dourado os cabelos de Valentina, que ainda dormia. Rafael, ao lado dela, passava os dedos devagar pelas costas nuas da mulher que, de forma tão inesperada, tinha bagunçado a vida dele – e arrumado ao mesmo tempo.
Ele não queria sair dali. Nunca.
Mas o celular vibrou no criado-mudo, interrompendo a paz.
Rafael se esticou devagar, tentando não acordá-la, e pegou o aparelho. Tinha várias mensagens e duas ligações perdidas de um número que ele não reconhecia. Franziu a testa. Número de São Paulo.
Desbloqueou o celular e abriu a última mensagem:
"Rafael, precisamos conversar. É sobre a Clara."
O nome caiu como um soco no estômago.
Clara.
O passado que ele jurou ter enterrado. A história mal resolvida que ele nunca teve coragem de contar a ninguém. Nem mesmo para Valentina.
Levantou da cama com o peito acelerado. Entrou no banheiro, lavou o rosto, mas nem a água fria foi suficiente pra acalmar a mente.
Ele