Valentina acordou antes do sol. Não que tivesse dormido mal — muito pelo contrário. Sentia o corpo leve, os músculos relaxados e uma paz que fazia tempo que não sentia. Mas havia algo mais ali, além do conforto: era a presença dele, de Rafael, ainda adormecido ao seu lado.
Virou devagar, tentando não fazer barulho. Ele estava deitado de lado, os cabelos bagunçados, os cílios longos descansando sobre as bochechas. O peito subia e descia com tranquilidade. E ela? Ela só conseguia olhar e sorrir.
Tinha algo de bonito em vê-lo assim, despido de armaduras, tão homem e ao mesmo tempo tão menino. Valentina sentia um calor bom no peito, daqueles que a gente não consegue nomear, mas que preenche por inteiro. Ela passou a ponta dos dedos devagar pelo braço dele, traçando uma linha invisível até a mão entrelaçada na sua.
— Bom dia — ele murmurou, ainda com a voz rouca do sono.
— Bom dia.
— Tá me encarando faz tempo?
— Talvez.
Ele sorriu de olhos fechados, depois abriu lentamente, encontrando os