Gabriel Ricci
Eles me esconderam a vida inteira.
Meu nome, minha origem, minha herança.
“Pelo seu bem”, meu pai dizia “Para te proteger.” Mentira, Era medo. Medo do que eu poderia ser. Do que eu me tornaria se soubesse o que corria no meu sangue.
Meu pai me ensinou a sobreviver nas sombras. Livros, silêncio, observação. Treinamentos rigorosos, frios, sem explicações. Tudo sob a desculpa de me preparar para o mundo lá fora , um mundo que ele acreditava que nunca seria meu.
Mas o mundo não é herdado.
É tomado. E hoje, eu decidi tomar o que é meu. O vapor do chuveiro ainda impregnava o ar quando me olhei no espelho. Meus olhos pareciam mais escuros. Mais duros. Como se algo dentro de mim tivesse finalmente despertado. Vinte e dois anos de silêncio. Vinte e dois anos esperando que alguém me reconhecesse. Que alguém dissesse: “Você é um Ricci , mas tem sangue pra ser Mangano. Você tem direito.”
Ninguém disse. Então, eu mesmo digo. Gabriel Ricci. O bastardo.Mas não por muito tempo. No fundo