capítulo 68

Mirella

Acordei no meio da madrugada com aquela colica estranha, profunda, que vinha em ondas suaves, mas insistentes. Não era intensa. Ainda não. Mas era suficiente pra me tirar o sono e me lembrar que o tempo estava se esgotando. Que ele estava chegando. Nosso filho.

Me mexi com cuidado, tentando não acordar o homem que dormia ao meu lado. Vincent. Meu Vincent. Ele estava ali, tão perto, mas eu sabia… bastava um suspiro meu mais pesado e ele despertaria como um guerreiro em alerta. Porque agora ele não era só um mafioso. Era pai. Era meu.

Sentei devagar, as mãos instintivamente repousando sobre a barriga já pesada. Ele se mexeu. Como se também sentisse que algo estava mudando. Respirei fundo. Quis sorrir, mas tudo que consegui foi aquele sorriso tenso, contido. O mesmo que uso quando quero fingir que está tudo bem, mesmo quando o coração aperta.

Levantei devagar e fui até o banheiro. A luz fraca me mostrou no espelho o reflexo de uma mulher diferente daquela que conheci meses atrás.
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