Mirella
Acordei no meio da madrugada com aquela colica estranha, profunda, que vinha em ondas suaves, mas insistentes. Não era intensa. Ainda não. Mas era suficiente pra me tirar o sono e me lembrar que o tempo estava se esgotando. Que ele estava chegando. Nosso filho.
Me mexi com cuidado, tentando não acordar o homem que dormia ao meu lado. Vincent. Meu Vincent. Ele estava ali, tão perto, mas eu sabia… bastava um suspiro meu mais pesado e ele despertaria como um guerreiro em alerta. Porque agora ele não era só um mafioso. Era pai. Era meu.
Sentei devagar, as mãos instintivamente repousando sobre a barriga já pesada. Ele se mexeu. Como se também sentisse que algo estava mudando. Respirei fundo. Quis sorrir, mas tudo que consegui foi aquele sorriso tenso, contido. O mesmo que uso quando quero fingir que está tudo bem, mesmo quando o coração aperta.
Levantei devagar e fui até o banheiro. A luz fraca me mostrou no espelho o reflexo de uma mulher diferente daquela que conheci meses atrás.