Vincent
O salão principal da mansão da família Mangano nunca pareceu tão frio. A luz dourada dos lustres pendia sobre nossas cabeças como uma sentença silenciosa. Cada parede cobria histórias sujas demais para serem contadas em voz alta — e hoje, eu acrescentaria mais uma.
Marco estava encostado na lareira, girando um copo de uísque com aquela maldita arrogância estampada no rosto.
— A que devo a honra da visita, primo? ele perguntou, sem sequer olhar pra mim. — Veio me agradecer por manter a Mirella tão... entretida na sua ausência?
Trinquei o maxilar. A provocação não me atingiu. Ele queria isso: tirar minha calma, me tornar impulsivo. Mas hoje eu estava preparado.
— Vim encerrar esse joguinho. — respondi firme. — Chega de ameaças veladas, de insinuar que tem controle sobre o que é meu.
Ele riu, curto. Um som vazio.
— Controle? Eu, Vincent? Achei que esse era o seu dom... controlar tudo e todos. Até ela. Mas sabe... as mulheres sempre enxergam a verdade, cedo ou tarde. Especialment