Mirella
O silêncio do quarto gritava mais alto que qualquer palavra. Eu estava parada, de frente para a cidade, observando as luzes como se elas fossem responder as perguntas que vinham me sufocando.
Quando ouvi a porta se abrir, meu corpo inteiro enrijeceu. Eu já seu que é ele , não é a primeira vez que entra sem precisar de chaves .
— A gente precisa conversar. — ele diz, com a voz baixa, carregada de culpa.
— Agora? — minha voz saiu baixa também, mas dura. Fria. Eu queria manter a calma, mas por dentro, eu já estava em pedaços. — Depois de tudo?
Ele veio se aproximando, e eu senti o cheiro do uísque no ar, o peso da presença dele me pressionando.
— Eu devia ter te contado. Desde o começo. Mas eu...
Me virei. E quando olhei nos olhos dele, todo o amor que eu sentia se misturou com raiva e decepção. Era um nó impossível de desfazer.
— Você teve MIL oportunidades, Vincent! — minha voz subiu, minha dor transbordou. — Mas escolheu o silêncio. Escolheu me deixar descobrir pelas sombra