Vincent
Fiquei ali por um tempo, apenas observando Mirella dormir. O rosto dela, tão sereno agora, era um contraste cruel com a angústia que a havia tomado mais cedo. Cada suspiro tranquilo que ela soltava parecia costurar um remendo novo no meu coração, remendando os buracos que o medo e a incerteza abriram nele.
Ela não fazia ideia do que significava pra mim vê-la assim. Viva. Inteira. Nossa.
Deslizei a mão devagar pela barriga dela, sentindo o leve movimento do nosso filho. Aquele ser tão pequeno já era a coisa mais importante da minha vida, junto com a mulher que o carregava.
— Você assustou a gente, minha joia — murmurei, baixinho, como se ele pudesse entender. — Mas tá tudo certo agora.
Me levantei devagar, desliguei a luz do abajur e fui até a janela. O céu estava escuro, sem estrelas, como se o mundo lá fora estivesse em silêncio por respeito ao que vivíamos aqui dentro. Aquilo, pra mim, era sagrado.
Puxei uma cadeira pro lado da cama e me sentei. Não queria dormir. Não conseg