Helena Narrando...
O carro deslizou silencioso pelas ruas iluminadas, e eu fiquei o tempo inteiro encostada no vidro, olhando a cidade passar diante dos meus olhos. Ainda parece um sonho. Ou um pesadelo disfarçado de luxo — eu não sei dizer ao certo. Mas era real. Tão real quanto o peso das sacolas que estavam no porta-malas, com roupas e cosméticos que eu jamais pensei em ter.
Quando o carro finalmente parou diante do edifício de vidro onde Lorenzo mora, eu respirei fundo. O motorista desceu rápido, deu a volta, abriu a porta e, sem uma palavra, me ajudou a sair. O vento da noite trouxe consigo um arrepio que percorreu minhas costas, e eu apertei os braços contra o corpo.
Ele abriu o porta-malas, pegou as sacolas com cuidado e caminhou à frente, como quem já conhecia aquele caminho de olhos fechados. Eu apenas o segui, sem protestar. O hall do prédio, com o mármore reluzente e os arranjos de flores impecáveis, parecia observar cada passo meu.
O motorista me guiou até o eleva