Helena Narrando...
Fiquei parada enquanto a porta do elevador se fechava atrás do advogado, deixando somente eu e Lorenzo ali. O som seco do metal me fez perceber que ali, mais do que no papel assinado, alguma coisa se concretizava — e eu não sabia direito se a sensação era de alívio, medo ou vergonha.
Seis milhões de euros. A frase dele ainda martelava na minha cabeça. Era um número que parecia vir de outro mundo. Era muito dinheiro — dinheiro suficiente para transformar a vida da minha mãe e a minha. Suficiente pra pagar tudo, recomeçar a faculdade, comprar livros, roupas novas, um lugar decente pra minha mãe ficar, é o meu maior sonho.
Ao mesmo tempo, não me sai da cabeça o que o advogado mencionou e o que Lorenzo reafirmou: confidencialidade, conduta impecável, presença em jantares, eventos, o papel de “esposa”. Um contrato como uma gaiola forrada de cetim. Eu respirei fundo e procurei organizar os meus pensamentos.
Eu queria muito mostrar a eles que eu não era comprável,