Helena Narrando...
O carro deslizou pelas ruas da Califórnia até chegar numa região que eu nunca teria pisado sozinha. Arranha-céus espelhados refletiam a luz do sol da manhã, como se quisessem cegar qualquer um que ousasse olhar demais. Cada esquina parecia gritar riqueza, poder, exclusividade. Eu estava tão deslocada que sentia cada batida do coração muito acelerada.
Quando o veículo parou em frente a um prédio altíssimo, com fachada de vidro e mármore, minhas mãos suaram. Um porteiro de uniforme impecável abriu a porta do carro, sem sequer me encarar — como se já estivesse acostumado com o protocolo de receber pessoas que preferiam não ser vistas.
O motorista não disse nada, apenas me conduziu até o elevador privativo. Dentro, o silêncio era quase sufocante, interrompido apenas pelo som metálico dos andares passando rápido. O visor digital parou no último número. Cobertura.
As portas se abriram direto para dentro do apartamento. Eu não esperava o impacto. O lugar parecia sa