Aurora
Acordei com um som insistente cortando o silêncio do quarto.
Meu celular.
O toque vibrava em algum lugar perto da cabeceira, agudo, urgente, como se o mundo lá fora quisesse me puxar de volta para uma realidade que eu ainda não estava pronta para enfrentar.
Pisquei algumas vezes, tentando lembrar onde estava. A colcha leve cobria meu corpo nu, ainda aquecido. Os lençóis cheiravam a Giovanni — aquele perfume amadeirado, inconfundível, e ao mesmo tempo, o espaço ao meu lado estava vazio.
Vazio.
Virei devagar e passei a mão pela cama fria. Ele não estava mais ali. Nenhum bilhete. Nenhum som. Apenas a ausência dele preenchendo o quarto como uma presença indesejada.
Suspirei.
O celular voltou a tocar, me arrancando do pensamento. Estiquei o braço, peguei o aparelho e franzi a testa ao ver o nome na tela.
Megan.
Levei alguns segundos para acreditar no que estava vendo.
Atendi com os olhos semicerrados.
— Megan?
— Aurora!
A voz dela veio trêmula, um misto de alívio e pressa. Como se