O outono havia pintado Montevino em tons de cobre e ouro. As folhas das videiras balançavam suavemente com o vento da tarde, e o ar trazia o perfume doce do mosto recém-fermentado. O tempo parecia mais lento, como se a terra respirasse lembranças.
Chiara caminhava entre as vinhas, sentindo sob os pés o solo que sustentara gerações. Estava sozinha, mas, de alguma forma, não se sentia só. Cada passo parecia ecoar vozes antigas — risadas, promessas, e o som do vinho sendo vertido em taças durante um jantar de família.
Ao longe, via Matteo e Clara — seus filhos — ajudando os netos com as pequenas colheitas simbólicas que faziam todo outono. Montevino permanecia viva, pulsando como o coração da família Ferrari.
O Encontro com o Passado
No fim daquela tarde, Chiara decidiu subir até o sótão da antiga casa principal. Era um lugar que não visitava há anos. O chão rangia sob os pés, e a luz do entardecer filtrava-se pelas frestas das janelas empoeiradas. Caixas antigas, cobertas por lençóis br