Capítulo 9

O fim de semana passou como um borrão. Eu me fechei em casa, tentando proteger o Tiago das línguas afiadas da cidade, mas sabia que não podia viver escondida para sempre. A cada cochicho, a cada olhar atravessado na rua, eu sentia o peso da condenação sem julgamento.

Na segunda-feira, voltei cedo para a clínica.Quando entrei, encontrei o Dr. Renato parado no corredor, mexendo nos papéis que segurava, mas parecia mais preocupado comigo do que com qualquer prontuário.

— Dormiu mal, não é? — perguntou sem rodeios.

Assenti, sem forças para disfarçar.

— Um pouco. Ainda estou… digerindo algumas coisas.

Ele franziu o cenho, como se quisesse tirar cada dor de dentro de mim à força.

— Helena, não deixe que falem mais alto do que a sua verdade. — disse firme. — Eu sei quem você é. Sempre soube.

Aquela frase me pegou desprevenida. Respirei fundo, desviando o olhar.

— Às vezes eu mesma esqueço quem sou, Renato.

Ele estendeu a mão, num gesto quase involuntário, e tocou levemente o meu braço. Foi r
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