Naquela mesma noite, o inevitável aconteceu.
Eu havia acabado de colocar o Tiago na cama, quando ouvi passos cambaleantes e uma batida forte na porta. Desci as escadas com o coração disparado.
Era o Víctor.
Os olhos vermelhos, a respiração cheirando a álcool, o corpo instável. Ele se apoiava no batente, com a camisa aberta e o olhar perdido.
— Então é verdade… — disse, a voz arrastada. — Você agora mora com o doutorzinho.
Engoli em seco.
— De novo essa história? Agora você bebe todos os dias? Vai embora, Víctor. Não estou disposta a discutir com você.
Ele riu, um riso amargo, quase dolorido.
— Discutir? Você acha que pode apagar tudo o que vivemos? Acha que pode me deixar para trás, como se eu fosse nada?
— Você já estava casado, lembra? — retruquei, firme. — Foi a sua mulher que destruiu tudo.
Os olhos dele faiscaram.
— Você acreditou nela! Nem se deu ao trabalho de me perguntar, de olhar nos meus olhos. Fugiu, Helena! Fugiu na noite da formatura, e quem estava lá para me consolar er