Eu estava sendo assombrada.
Não por fantasmas, não por espíritos vingativos, nem por nenhuma alma penada.
Eu estava sendo assombrada por entregas inesperadas de Carlos Ricci.
E — Deus que me perdoe — se eu tivesse um lança-chamas, eu já teria dado um jeito nesse problema.
— De novo? — resmunguei, encarando a campainha tocando pela terceira vez naquela manhã.
Arrastei os pés até a porta, já me preparando mentalmente para qualquer nova aberração que aparecesse. Respirei fundo e abri, pronta para xingar qualquer infeliz que estivesse lá.
O entregador, um rapaz de expressão cansada e camisa amassada, olhou para mim segurando outra m*****a caixa.
— Mais uma entrega para a senhorita Adeline Moretti.
Fechei os olhos.
Eu não precisava perguntar. Eu já sabia.
Carlos Ricci.
O homem que aparentemente não entendia sinais, nem mesmo quando esses sinais envolviam eu jogar um buquê de rosas da varanda e ignorar cada uma de suas mensagens ou tentativas de falar comigo.
— O que é dessa vez? — perguntei