Capítulo 73 | Adeline

O dia da inauguração chegou com um céu azul tão límpido que parecia até provocação do universo.

Como se dissesse: “Você venceu. Agora brilha.”

E eu… eu estava pronta.

Não porque tudo estivesse calmo aqui dentro — pelo contrário. Meu estômago parecia um balão de nervosismo e entusiasmo.

Mas eu havia aprendido, nesses últimos meses, que o medo não desaparece. A gente só aprende a levá-lo pela mão.

O vestido era sóbrio, mas elegante. Azul petróleo. Cintura marcada. Salto médio — o suficiente pra parecer confiante, mas ainda conseguir andar pelos corredores sem tropeçar.

Cabelo preso num coque baixo, maquiagem leve.

Nada gritava “celebridade médica”.

Mas tudo em mim dizia: “eu voltei.”

**

O Hospital Memorial Santa Amélia brilhava.

O nome estava em letras prateadas na entrada de vidro, com refletores discretos, bandeiras tremulando e recepcionistas sorrindo.

As primeiras vans com jornalistas já estavam posicionadas.

Fotógrafos. Câmeras. Estudantes de medicina, médicos convidados.

E eu?

Eu
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