O dia da inauguração chegou com um céu azul tão límpido que parecia até provocação do universo.
Como se dissesse: “Você venceu. Agora brilha.”
E eu… eu estava pronta.
Não porque tudo estivesse calmo aqui dentro — pelo contrário. Meu estômago parecia um balão de nervosismo e entusiasmo.
Mas eu havia aprendido, nesses últimos meses, que o medo não desaparece. A gente só aprende a levá-lo pela mão.
O vestido era sóbrio, mas elegante. Azul petróleo. Cintura marcada. Salto médio — o suficiente pra parecer confiante, mas ainda conseguir andar pelos corredores sem tropeçar.
Cabelo preso num coque baixo, maquiagem leve.
Nada gritava “celebridade médica”.
Mas tudo em mim dizia: “eu voltei.”
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O Hospital Memorial Santa Amélia brilhava.
O nome estava em letras prateadas na entrada de vidro, com refletores discretos, bandeiras tremulando e recepcionistas sorrindo.
As primeiras vans com jornalistas já estavam posicionadas.
Fotógrafos. Câmeras. Estudantes de medicina, médicos convidados.
E eu?
Eu