A casa estava silenciosa demais pro meu gosto.
O relógio antigo na parede da sala de estar fazia um tique-taque irritante, como se cada segundo me lembrasse da bomba que eu precisava desarmar. E pior: uma bomba que vestia paletó caro, falava palavras bonitas e ainda tinha convencido minha filha de que era o grande amor da vida dela.
Carlos.
Só de pensar naquele nome, meu maxilar travava.
Peguei meu copo de uísque — já era o segundo da noite, talvez o terceiro — e fui até a janela do escritório. A cidade lá fora brilhava como um milhão de promessas falsas. Carros indo e vindo, prédios iluminados, festas acontecendo… E eu ali, tentando encontrar uma forma de demitir um canalha sem perder minha filha no processo.
Amanda.
Desde que ela começou a sair com Carlos, tudo mudou. Ela se afastou de mim. Parecia sempre ocupada, sempre cansada. Sempre… diferente. E eu fingia que não via, porque talvez, só talvez, ela estivesse feliz. E se tem uma coisa que um pai quer, é ver a filha feliz. Mas a v