Eu saí da boate cuspindo ódio.
A porra da striper teve a audácia de chamar os seguranças — como se eu fosse algum marginalzinho qualquer. Tudo porque, segundo ela, eu “ultrapassei limites”. Limites, ela disse. Aquela ridícula deveria se sentir privilegiada por eu ter dado atenção pra ela. Se me perguntarem, ela tava era implorando por isso com aquele olhar vazio e aquele sorriso treinado que ela achava sedutor.
A fila inteira do lado de fora me olhou como se eu fosse um delinquente. Uma mulher chegou a rir. Rir. De mim.
Respirei fundo e ajeitei a gola da camisa, ainda sentindo o cheiro de perfume doce e suor barato impregnado no tecido. O blazer — Armani, por sinal — tava meio amassado depois da confusão. Peguei o celular e caminhei até o carro.
Não achei o Henry. Melhor assim. Menos um pra ver minha saída teatral pela porta dos fundos. E sinceramente? Ele andava se metendo demais. Sempre com aquele jeito de bom moço, rindo demais, perguntando demais. Nunca gostei muito dele. Mas fazi