O caminhão dos correios militares chegou logo depois do almoço. O motorista desceu com uma sacola cheia de envelopes, chamando nomes que iam surgindo numa lista amassada. Cada pessoa que recebia uma carta parecia menor e maior ao mesmo tempo. Era como se o mundo antigo espiando por uma fresta.
Eu não esperava nada. Já tinha me acostumado à ideia de que ninguém fora dali sabia onde eu estava. Mas então ouvi meu nome.
— Isabelle Laurent? — chamou o soldado, erguendo um envelope pardo.
Eu congelei. Deborah, que estava perto, me lançou um olhar cuidadoso.
— Vai abrir? — perguntou.
— Não sei — admiti.
— Quer que eu fique? — ofereceu.
Assenti. Fomos até um canto do pátio, onde a sombra de uma lona fazia o chão parecer menos quente. Sentei numa caixa e virei o envelope nas mãos, lendo o remetente com cuidado.
Owen Mathers. Belle Rive.
Senti o estômago revirar. Por um instante, pensei em rasgar sem ler. Mas parte de mim queria saber o que ele tinha a dizer, só pra ter certeza de que não havia