O entardecer tingia a casa de Catarina com tons dourados quando Clara se despediu de Gabriel com um beijo estalado na testa e olhos que não conseguiam disfarçar o turbilhão por dentro. Caminhou pela calçada, mas o pensamento ficou preso naquela expressão — o jeito que o menino franzia o cenho, o brilho curioso nos olhos. Era como ver um reflexo antigo... Lorenzo.
Ela balançou a cabeça, tentando afastar a ideia. Seria coincidência? Talvez só imaginação. Mas a dúvida se infiltrava como um sussurro incômodo: Será que Isadora sabia? Ou simplesmente nunca percebeu?
Dentro da casa, Isadora terminava de recolher os brinquedos de Gabriel, empilhando os carrinhos com um cuidado quase automático. Ela andava inquieta, sem saber exatamente o motivo — ou fingindo não saber.
Sentou-se à mesa com Catarina, que já havia preparado um chá de erva-doce e fatias de pão-de-queijo recém-saídas do forno. Mas o cheiro, por mais acolhedor que fosse, não aplacava o vazio que crescia dentro dela.
— Você tá estr