O relógio marcava 15h55 quando Lorenzo estacionou diante da sede do Grupo Mendes. O céu de Dublin já ameaçava o fim do dia com tons acinzentados, como se o clima tivesse absorvido o peso dos sentimentos que martelavam dentro dele.
Minutos antes, ele havia recebido uma ligação breve, formal:
— Senhor Alcântara, confirmando sua presença às 16h para a reunião de encerramento da negociação?
— Estarei aí. — respondeu seco, com a voz mais baixa do que o habitual.
Se antes aquele contrato representava apenas uma estratégia de expansão comercial, agora tinha um gosto diferente. Um gosto amargo de ironia.
Justo o grupo da mulher que ele ainda amava.
Justo no dia em que descobriu que ela havia lhe escondido o maior segredo de sua vida.
Ele queria entender. Queria odiá-la. Queria arrancar dela as respostas que queimavam em seu peito.
Mas, acima de tudo, queria ver Gabriel. Queria ouvir sua voz. Queria sentir seus braços ao redor do pescoço, mesmo que fosse com estranhamento no início.
Lorenzo re