O apartamento de Lorenzo, em São Paulo, estava silencioso. A cidade rugia lá fora com sua pressa habitual, mas ali dentro o tempo parecia estagnado. Na mesinha de centro, ao lado de um copo com uísque pela metade, repousava o crachá do evento que encerrara na noite anterior. Ele o fitava como se procurasse respostas nas letras impressas.
O sucesso da conferência fora absoluto. Empresários, investidores, imprensa — todos elogiaram a organização, a palestra, a presença dele. Mas nada daquilo havia preenchido o vazio que latejava dentro de si.
Isadora.
Ela caminhava por sua mente desde o instante em que o viu naquele salão. Brilhante. Madura. Distante. Era como se os anos entre eles tivessem sido concretados por uma muralha que ele não conseguia transpor. Ela não o odiava — isso ele percebeu —, mas também não estava disposta a olhar para trás.
Ele havia perdido a mulher que amava. E talvez merecesse isso.
Sofia lhe contara sobre o reencontro. Havia uma amargura em cada palavra que descre