O tempo não correu, ele arrastou-se. Como quem tem pressa de causar dor. Desde o retorno triunfal de Helena, os dias na empresa se tornaram um jogo silencioso de poder. A cada passo nos corredores, a cada e-mail respondido, Isadora sentia o peso invisível da presença daquela mulher.

Helena era sutil. Nunca levantava a voz, nunca ultrapassava os limites do que se consideraria "adequado". Mas deixava farpas camufladas em frases doces como veneno diluído em mel. Um “você está se saindo bem, para alguém com sua formação”, um “interessante sua escolha de cores hoje”, ou ainda um “o senhor Alcântara é gentil com todos… às vezes até demais”.

Isadora respondia com elegância e firmeza. Era treinada, não por livros, mas pela vida. Sabia sorrir com os lábios enquanto os olhos cravavam espadas. Aprendera a suportar pressão com classe — e a vestir sua dignidade como armadura.

Lorenzo, por outro lado, parecia ter se fechado num casulo. Mantinha a mesma postura profissional de sempre, a mesma exigên