Na manhã seguinte, Isadora acordou antes mesmo do despertador. O bilhete de Lorenzo estava dobrado sobre o criado-mudo, como um lembrete de que sua vida tinha virado uma mistura entre novela mexicana e drama corporativo.
Vestiu-se com mais cuidado do que gostaria de admitir. Uma saia lápis preta, camisa branca de botão, cabelos presos num coque baixo — o combo “sou profissional, mas irresistível sem querer”.
Ao entrar no prédio, notou algo diferente. As pessoas a olhavam mais. Um sussurro aqui, um olhar curioso ali. Seria impressão dela?
Chegou à sua mesa e encontrou um arranjo de lírios brancos. Nada exagerado. Elegante. Discreto. Mas absolutamente impossível de ignorar.
Um cartão:
“Para manter o dia leve. — L.”
Ela sentiu o coração dar uma pirueta dupla. Olhou em volta. Nenhum entregador, nenhum bilhete deixado na recepção. Aquilo tinha sido entregue por alguém de dentro. Ou por ele mesmo.
— Bonitos. — A voz de Marta, a secretária do financeiro, soou atrás dela. — Sã