HARRY RADCLIFFE
O barulho da porta se fechando foi a única coisa que quebrou o silêncio cortante da delegacia. Ruby havia pedido para ir ao banheiro. Sua amiga se ofereceu para acompanhá-la, mas Ruby recusou com aquele tom suave e firme que eu já reconhecia como decisivo. Disse que seria rápido.
Eu continuei parado, de pé, próximo à porta. O policial que ainda preenchia os papéis de rotina mal me olhava, provavelmente desconfortável com a minha presença. Bons instintos. Era melhor assim dado o meu humor.
Sophia se aproximou e se postou ao meu lado, cruzando os braços diante do peito, numa postura que misturava determinação e gratidão barata.
— Obrigada por ter vindo — disse ela, com um sorriso quase afetado.
Agradecimento é uma perda de tempo, ainda mais nessa situação específica, por isso não respondi. Meus olhos permaneciam fixos na parede suja e amarelada da delegacia. Não porque era interessante, mas porque olhar para ela era melhor do que manter contato visual com qualquer pessoa