HARRY RADCLIFFE
O barulho da chuva era o pano de fundo perfeito para um reencontro que nunca deveria estar acontecendo.
A cidade estava muito úmida e cinzenta, o que parecia conspirar com o meu humor. Não havia nada de ensaiado na mensagem que recebi dois dias antes, nenhuma cerimônia, somente um convite direto e quase desesperado.
Eu deveria ter ignorado, mas aqui estava eu, parado diante da porta de um café no centro de Brooklyn, com a estranha sensação de que cada gota que caía do céu era um prenúncio.
Quando empurrei a porta, o calor do ambiente me atingiu como um soco. O cheiro de café recém-moído e madeira encerrada se misturava ao peso das memórias, e eu vi-o antes que ele me visse.
Herodes Radcliffe.
A primeira coisa que me chamou atenção foi que ele estava diferente. O cabelo mais curto, a barba bem-feita, roupas caras, postura ensaiada demais, era como se a vida tivesse se empenhado em reconstruir uma versão dele que não me lembrasse da infância, mas era inútil, bastava o