O relógio ainda marcava 06h58 quando Alicia passou pela portaria silenciosa da torre da D’Abruzzi Corporation. O céu londrino, acinzentado e úmido, desenhava sombras nos vidros enquanto ela caminhava a passos firmes pelos corredores vazios do 38º andar. Seu salto ecoava suavemente, o que causava uma sensação estranha de protagonismo em meio ao silêncio total.
Carregava consigo não apenas a pasta com os contratos e pareceres que havia preparado durante a madrugada, mas também uma vontade incontrolável de manter distância. Precisava terminar aquele trabalho com agilidade, excelência e discrição. Chegar duas horas antes dos demais era sua estratégia para evitar encontros, comentários ou qualquer troca de olhares que a desestabilizasse.
Instalou-se em uma das salas de apoio contíguas à diretoria. Colocou o casaco dobrado nas costas da cadeira, ligou o notebook e abriu o relatório em sua tela. Tentava se concentrar, mas sua mente oscilava entre cláusulas contratuais e lembranças do dia ant