O salto fino de Alicia ecoava nos corredores de vidro e concreto, agora mais firmes do que antes. Ou ao menos ela fazia parecer. Seu rosto estava sereno, a postura impecável, e a caneca de café entre os dedos tremia tão sutilmente que apenas quem a conhecesse muito bem notaria.
Ninguém ali a conhecia.
Ela voltou para a sala de reuniões como se nada tivesse acontecido. Sentou-se, abriu o notebook, e mergulhou no mar de cláusulas contratuais como se sua boca ainda não ardesse com o gosto de Victor D’Abruzzi.
Mas por dentro, estava em pedaços.
Como se permitiu aquilo?
Ela, tão disciplinada, tão controlada. Uma profissional admirada, recatada, respeitada. Estava jogando no lixo uma reputação irretocável por uma paixão que não podia se repetir.
Mas queria repetir. Maldito fosse o desejo. Maldito fosse Victor, com sua voz rouca, sua presença inebriante e seus olhos que atravessavam camadas da sua alma.
Precisava de foco.
E teve.
Passou o restante do dia mergulhada no trabalho, resp