Sophia congelou por um instante, a faca firme na mão, enquanto o arranhar na porta se intensificava, acompanhado por um rosnado baixo que vibrava através da madeira. Seu treinamento a impelia a agir: avaliar, confrontar, neutralizar. Sem hesitar, ela se aproximou da porta, o coração batendo ritmado, não de pânico, mas de foco afiado. "Quem está aí?" exigiu, a voz autoritária ecoando no apartamento vazio.
A resposta veio na forma de um baque violento contra a porta, fazendo as dobradiças rangerem. Sophia recuou um passo, calculando opções — chamar a polícia não era viável; isso cheirava a algo além do crime comum. O alarme disparou finalmente, um apito estridente que cortou o silêncio, mas o intruso não se intimidou. Com um estalo, a porta cedeu parcialmente, revelando garras afiadas cravadas na madeira. Não eram humanas — eram longas, curvas, como as de um animal selvagem.
"Merda," murmurou ela, girando para pegar o telefone, mas antes que pudesse discar, a janela se estilhaçou em uma explosão de vidro. Uma figura sombria saltou para dentro, olhos amarelos brilhando na penumbra. O homem — ou o que parecia um homem — era musculoso, com cabelos desgrenhados e uma expressão feral. Ele rosnou, revelando dentes afiados, e avançou.
Sophia não esperou. Ela arremessou a faca, acertando o ombro dele, mas o intruso mal piscou, puxando a lâmina como se fosse um incômodo. "Você não devia se meter nos assuntos do alfa," grunhiu ele, a voz distorcida, como se lutasse contra uma transformação.
"Alfa?" repetiu Sophia, esquivando-se de um golpe e contra-atacando com um soco preciso no estômago. Ele cambaleou, mas se recuperou rápido demais para ser humano. A luta foi feroz: Sophia usava sua agilidade, derrubando uma cadeira para ganhar distância, enquanto o intruso destruía móveis com força bruta. Sangue escorria de cortes superficiais nela, mas ela mantinha o controle, profissional até o fim.
De repente, uma segunda sombra irrompeu pela janela quebrada — Ethan Blackwood, movendo-se com velocidade sobrenatural. Ele agarrou o intruso pelo pescoço, os olhos âmbar flamejando. "Sai daqui traidor," rosnou Ethan, arremessando o homem para fora como se fosse peso morto. O intruso uivou ao cair na rua, desaparecendo nas sombras.
Ethan virou-se para Sophia, ofegante, a camisa rasgada revelando músculos definidos e uma tatuagem tribal no peito que parecia pulsar. "Você está bem?" perguntou, a voz rouca de preocupação misturada a admiração. Ele se aproximou, tocando levemente o corte em seu braço, o contato enviando um choque elétrico por ela.
Sophia puxou o braço, mas não antes de sentir o calor dele se espalhar. "O que diabos foi isso? E como você sabia onde eu moro?" Sua voz era firme, mas os olhos traíam uma curiosidade perigosa.
Ethan hesitou, os olhos escurecendo. "Eu te segui. Para proteger você. Há coisas que você não entende ainda, Sophia. Coisas sobre mim... sobre nós." Ele se inclinou mais perto, o aroma dele — terra úmida e especiarias — preenchendo o ar. Por um momento, o profissionalismo dela vacilou, e ela sentiu o puxão, primal e inegável.
Antes que pudesse responder, um uivo ecoou da rua, mais perto do que nunca, sinalizando que o intruso não estava sozinho.