A primavera chegou com lentidão.
Castelvetro, antes enterrada pela neve, começava a florir entre o barro e os restos das tempestades. As pessoas plantavam. Reparavam telhados. Sorriam com mais facilidade.
Mas Valentina não sorria tanto.
Ela carregava algo nos olhos — a consciência de que liberdade exige vigilância constante.
O projeto Raízes agora se espalhava por 34 comunidades na Europa, Ásia e partes da América do Sul. Cada vila ou cidade formava um núcleo autônomo de aprendizado, cuidado mútuo e decisão coletiva.
Mas havia um problema: a falta de um código comum.
Sem leis formais, disputas entre grupos estavam surgindo. Terras, água, propriedade de equipamentos e mesmo julgamentos éticos — tudo era decidido localmente, às vezes com base em emoções voláteis ou tradições incompatíveis.
— Precisamos de um novo código civil — disse Francesca, em uma reunião com lideranças de sete núcleos. — Mas um que não seja imposto. Que seja construído... coletivamente.
Valentina escutava e