O inverno chegou mais cedo em Castelvetro.
As montanhas ao redor da vila amanheceram cobertas por neve fina, anunciando tempos de introspecção e trabalho duro. Mas, apesar do frio, havia calor nos olhos das pessoas. Um calor diferente — de esperança.
Valentina acordava cedo todos os dias. Preparava o chá com folhas secas colhidas no verão, revia os relatórios enviados pelas células livres da antiga resistência, agora chamadas de Pontes da Liberdade — grupos civis que se organizavam para impedir o ressurgimento de estruturas autoritárias.
E ensinava.
Sim, agora Valentina era professora.
A pequena escola ficava em uma casa de pedra reformada, onde as janelas eram cobertas com cortinas de crochê feitas pelas avós locais e os quadros-negros tinham sido resgatados de escolas abandonadas pela guerra de dados.
Ali, ela ensinava mais do que história.
— Hoje vamos falar sobre escolha — disse Valentina, riscando a palavra com giz no quadro.
— Escolha? — perguntou Matteo, um menino de o