O porão da mansão Moretti havia sido adaptado para situações como aquela. Silencioso, à prova de som, com câmeras em todos os cantos. Giulia estava sentada em uma cadeira metálica, com as mãos algemadas e os tornozelos presos. Mesmo assim, mantinha o queixo erguido.
Valentina desceu os degraus com passos firmes. Usava preto dos pés à cabeça — como se sua própria silhueta fosse uma sombra.
— Dormiu bem? — perguntou, sem emoção.
— Com música de interrogatório ao fundo? Uma maravilha — rebateu Giulia, irônica.
Valentina sentou-se à frente dela, cruzando as pernas.
— Você disse que tinha cópias. Dossiês. Provas. Chegou a hora de provar que isso não é só blefe.
— O que ganho em troca?
— Alguns dias de vida. E, talvez, um acordo futuro. Eu não prometo imunidade. Mas posso garantir tempo. E tempo, neste jogo, vale ouro.
Giulia a encarou, com um meio sorriso.
— Você fala como Enzo.
— Não. Eu aprendi com ele. Mas o que falo... é meu.
Por fim, Giulia suspirou, cedendo.
— Há três lo