O restaurante escolhido para o jantar parecia ter saído de um cartão-postal. Localizado no último andar de um hotel cinco estrelas, tinha vista panorâmica da cidade iluminada e um ambiente que exalava sofisticação. As luzes eram baixas, a música suave, e cada mesa estava decorada com arranjos minimalistas de rosas brancas.

Lívia chegou ao lobby acompanhada de Arthur. Ele usava um terno preto impecável, camisa branca e gravata slim grafite. O perfume amadeirado misturava-se ao leve aroma de couro que vinha do casaco que carregava no braço. Seu porte altivo chamava atenção de todos, mas ele parecia alheio aos olhares que recebia.

— Confiante? — ele perguntou enquanto o elevador subia.

— Sempre. — Ela respondeu com um sorriso leve.

Lívia estava impecável — o tipo de presença que virava cabeças sem precisar de esforço exagerado.

Ela optou por um vestido preto midi de tecido acetinado, que abraçava suas curvas de maneira elegante, com um decote discreto, mas suficiente para acentuar a feminilidade. As alças finas deixavam os ombros delicadamente expostos, e uma fenda lateral revelava flashes sutis de pele quando ela se movimentava.

Seus cabelos castanho-escuros, lisos e brilhantes, estavam soltos, caindo em ondas suaves até a metade das costas, e refletiam as luzes quentes do restaurante. A pele levemente dourada ressaltava o contraste com o preto do vestido, e o perfume floral amadeirado que usava deixava um rastro delicado por onde passava.

Quando as portas se abriram, foram recebidos por Patrícia, já posicionada estrategicamente na entrada do salão. Vestia um vestido justo de cor vinho, salto alto e um batom na mesma tonalidade.

— Senhor Valentin — disse ela, quase como se saboreasse o nome —, tudo pronto para sua chegada.

Arthur assentiu brevemente.

— Boa noite Lívia! — o sorriso dela parecia educado, mas o olhar permanecia avaliador.

— Olá Patrícia. — Lívia manteve o tom firme.

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O jantar reunia oito pessoas: Arthur, Lívia, Patrícia e cinco investidores, todos homens de diferentes idades e estilos. Entre eles, destacava-se Marcelo Costa, um empresário de cerca de 35 anos, alto, moreno, com um sorriso fácil e olhar penetrante.

Lívia era de uma autoconfiança natural no modo como caminhava e se sentava — postura ereta, gestos calculados, olhar firme. E, embora estivesse em um ambiente repleto de homens influentes, não se deixava intimidar, transmitindo a sensação de que sabia exatamente o próprio valor.

Assim que Lívia se sentou, Marcelo ocupou o assento ao lado dela.

— Prazer, Marcelo. — A voz dele era grave, quase sedutora. — E você é…?

— Lívia Monteiro.

— Monteiro… bonito nome — disse ele, sem disfarçar a forma como a olhava.

Arthur, que estava sentado à frente, pareceu notar. Seu olhar fixou-se rapidamente em Marcelo, depois voltou para Lívia, mas não disse nada de imediato.

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O jantar prosseguiu com conversas sobre novos contratos e estratégias de mercado. Lívia, a princípio, se limitava a ouvir, mas Arthur fez questão de incluí-la.

— Lívia, qual sua opinião sobre isso? — perguntou, em um momento em que discutiam campanhas publicitárias.

Ela respondeu com segurança, e alguns dos homens assentiram, aprovando suas ideias. Arthur, no entanto, manteve um leve sorriso no canto da boca, como se estivesse satisfeito por ela ter se destacado.

Marcelo aproveitou para se inclinar discretamente em direção a ela.

— Você é nova na empresa, não é?

— Sim, comecei há pouco tempo.

— Então ainda não aprendeu a escapar desses jantares intermináveis — ele disse, rindo baixo. — Mas confesso que a sua presença deixou a noite mais interessante.

Lívia sorriu educadamente, mas desviou o olhar. Arthur, no entanto, havia observado toda a troca, e seu semblante endureceu levemente.

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Em certo momento, Patrícia, que estava ao lado de Arthur, tocou levemente seu braço para lhe mostrar algo em seu celular. Ela inclinou-se mais do que o necessário, deixando o perfume doce dela se espalhar no ar.

— Podemos conversar sobre isso depois? — Arthur respondeu, sem olhar para o aparelho.

— Claro… — disse Patrícia, com um sorriso contido, antes de tomar um gole de vinho.

Lívia percebeu o gesto e sentiu uma pontada incômoda, mas não deixou transparecer.

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Quando a sobremesa foi servida, Marcelo aproveitou uma pausa nas conversas para se dirigir novamente a ela.

— Lívia, você gostaria de tomar um café outro dia? Algo fora do ambiente corporativo…

Antes que ela respondesse, Arthur falou:

— Marcelo, acho que a senhorita Monteiro terá a agenda cheia nas próximas semanas. — O tom era educado, mas havia algo cortante por trás das palavras.

Marcelo ergueu as sobrancelhas e sorriu de lado.

— Uma pena.

Lívia sentiu um calor subir pelo rosto. Arthur não estava apenas protegendo sua agenda — ele estava marcando território.

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Ao final da noite, quando se despediam, Patrícia aproximou-se de Arthur.

— Posso te acompanhar de volta? Preciso discutir alguns assuntos urgentes.

— Não hoje, Patrícia. — Ele respondeu sem hesitar. — Já tenho outro compromisso.

Ela sorriu de forma controlada, mas o brilho nos olhos denunciava o incômodo.

— Claro. Boa noite.

Arthur então se voltou para Lívia.

— Vamos?

No elevador, o silêncio era espesso. Ele se manteve imóvel, as mãos nos bolsos, olhando para frente. Quando as portas se abriram no térreo, ele se inclinou levemente em direção a ela.

— Evite ficar muito próxima de Marcelo. Não é o tipo de pessoa em quem se pode confiar.

— Você está preocupado comigo ou apenas com a imagem da empresa? — ela perguntou, desafiando-o.

Arthur olhou diretamente nos olhos dela, e um traço de sinceridade surgiu em sua voz.

— As duas coisas.

Ele abriu a porta do carro e a deixou entrar primeiro. Mas, por trás da compostura, havia algo mais — um peso que ele carregava, algo que não dizia, mas que parecia influenciar cada uma de suas decisões.

E Lívia começava a perceber que Arthur Valentin não era apenas um CEO poderoso… ele era um homem com segredos.